de Fernando Chainço
Caminhar. Por entre as mãos. Apesar das mãos.
Dos seus gestos brutos e feios antes de serem lidos pelos lábios.
Antes da vida nova que têm no escuro adocicado dos quartos, à hora do acordar, antes que se faça a luz toda e eles se vão.
Antes das pontes e dos rios todos lá embaixo, antes do mundo e do seu sal cheio de feridas.
Antes de não ter nada para dizer depois do nada dizer. Depois do tudo que ainda não se disse ou não se sabe como dizer ou de poder dizer esse não saber.
…antes que o tempo se ponha a rondar, cheio de ignorância.
antes do despeito e do amor que vêm algures no despeito.
Antes do peito escancarado…
Apenas o tic-tac das sombras e o marujar da alvorada. O sedoso folhear da pele no olhar e o respirar imóvel. Imediatamente antes do depois…