A minha vista espraia-se pela Alameda, o sol decaíndo para os lados do Técnico, num desmaiar suave das cores da cidade.
Ladra, algures, um cão.
Estou sentado numa das mesas que se tornaram a sala de estar de reformados e desvalidos que pastam a solidão pelas ruas.
Noutra mesa, atrás de mim, 3 pessoas conversam. À minha frente, sentado num murete, um dos muitos imigrantes olha em seu redor, sem outro fim que simplesmente olhar.
“Ió, bóra ver aqui…” exclama um a voz jovem atrás de mim. “Xêee, que ganda parque…”.
A sua voz distancia-se, ficando eu sem saber quem ele era ou quantos e quem eram os seus companheiros.
Um burburinho cresceu e morreu na mesa da sueca onde 4 velhotes se batiam contra o tédio e mais uns quantos, de pé, praticavam a crítica de jogadas, tornando-os comentadores de bancadas.
Lá ao alto voa de Lisboa um avião. Aponta ao sul. Brasil?
Diz que escrever é tarapeûtico. Que sei eu?
A minha vista continuou espraia-se pela Alameda, o sol mais decaído para os lados do Técnico, num desmaiar suave das cores da cidade…