Do que falamos, nos dias que correm
Quando a brisa nos trás rumores de brumas
E os ventos trovas que regressam da noite?
Falamos, pois então,
do amor
e da gripe, e do tempo, tão mudado
Dos filhos,
das namoradas,
das aventuras que queriamos viver
dos sonhos de dias melhores
de viagens
de terras
de portos
de terras
Do futebol,
Das socielites
Da telenovela
Das negociatas do filho do padeiro
Das maluquices do Alberto João
Do trabalho que acabou
Do emprego que está mal
Do preço das coisas, de coisas sem preço
Do doutor que vem atrasado
do arroz a que falta o feijão
Disto, daquilo, de tudo…de nada…
Do que falamos, nos dias que correm
Quando a brisa nos trás rumores de brumas
E os ventos trovas que regressam da noite?
Falamos, claro, como sempre, como se nada acontecesse…